teatro da  alma

O que é o teatro da alma?

O Teatro da Alma é uma abordagem terapêutica desenvolvida pela Fios do Ser que acontece em atendimentos individuais e em grupo. Trata-se de um trabalho que parte de algumas premissas ligadas ao universo teatral. Uma delas é que a cena contribui para o desenvolvimento pessoal de todo ser humano, com ou sem experiência nas artes cênicas.

No workshop de Teatro da Alma as pessoas que participam vivenciam uma introdução ao trabalho. Depois, ele pode ser aprofundado processualmente nos atendimentos terapêuticos individuais e em grupo.

Como surge?

Estudando a última fase da obra de Lygia Clark, quando a artista desenvolveu a noção de rito sem mito nas suas proposições artísticas, comecei a imaginar como seria trabalhar com a cena teatral no contexto clínico. Ao conhecer a psicogenealogia de Anne Ancelin Schutzenberger, que propõe a criação de um ato simbólico após a investigação das histórias familiares, passei a conectar os conhecimentos oriundos de minhas formações em Artes Cênicas e Psicomotricidade e a construir a metodologia de trabalho do Teatro da Alma.

Um dos precursores do trabalho entre teatro e terapia foi Jacob Levy Moreno, criador do Psicodrama. Ele acreditava que ao vivenciar papéis de forma espontânea, as pessoas experimentariam a catarse e com isso, encontrariam seu caminho de cura.

O arco íris do desejo, de Augusto Boal, também tem um papel fundamental nesse diálogo. Boal aplicou as técnicas do Teatro do Oprimido em diversos espaços terapêuticos, criando condições para que as pessoas pudessem transformar o seu entorno.

A Constelação Familiar, de Bert Hellinger, compõe outro diálogo entre cena e clínica. No período em que viveu entre os Zulus, no continente africano, Hellinger teve contato com práticas que levavam em consideração a presença e importância dos ancestrais na vida da comunidade.

Jerzy Grotowski, diretor de teatro polonês, concebeu a ideia de arte como veículo e passou a investir no processo de cada pessoa por meio de actions, que não necessitam resultar em uma peça teatral.

Já a coreógrafa Anna Halprin criou a performance Dancing my câncer. Curada após esta experiência, criou sua metodologia de trabalho na fronteira entre a dança e a saúde.

O Teatro da Alma que proponho, vem acompanhado de muitas inspirações, principalmente daquelas que se lançaram em compreender como o exercício da cena pode levar a outros modos de autoconhecimento.

Como acontece?

Proponho, em linhas gerais, quatro etapas: primeiramente partimos da criação do genossociograma, uma árvore genealógica feita de memórias.

Depois partimos para a criação de abecedários afetivos, onde a partir da exploração de fotos (familiares, de obras de arte, de pessoas afins, etc.), vai sendo possível cartografar diversas potencialidades de criação nas quais nossos sentimentos já conhecidos vão criando outros nomes.

Em seguida são feitos os mapeamentos cênicos. Eles vão revelando uma dinâmica onde se pode tomar distanciamento de algum acontecimento da vida para então poder olhá-lo de outro modo.

 A próxima etapa é a do gesto à cena, em que são pesquisados gestos iniciais, a partir de vivências corporais, que irão compor uma primeira ideia de cena. Aqui trabalhamos também a palavra e o canto, ou seja, vão sendo escolhidos textos a serem ditos e músicas a serem cantadas, criando mais campos de possibilidade para a experiência com a cena.

 O mais importante, do ponto de vista terapêutico, é que a cena possa ser um espaço de acolhimento das questões que vão sendo trabalhadas ao longo do processo. Isso se dá na medida em que levamos para a cena nossas perguntas e deixamos que ela nos revele outros aspectos de nós mesmos.

 Deste modo, proponho com o caminho do Teatro da Alma, um processo terapêutico que combina possibilidades sensíveis presentes na arte e na clínica, podendo produzir conexões improváveis para os processos da vida.

Para quem?
Para todas as pessoas interessadas em um processo terapêutico a partir da abordagem do Teatro da Alma, com ou sem experiência nas artes da cena.